Por André Luiz Alves Caldas Amóra (PUC-Rio)
Florbela Espanca, poetisa pertencente ao Modernismo português, apresenta em sua poesia uma vertente neo-romântica, marcada pelo erotismo, sensualidade e pela ânsia de liberdade de expressão, além de privilegiar a riqueza do léxico, numa linguagem que explora os símbolos e as imagens sugestivas. A poesia de Florbela utiliza-se de jogos de palavras e metáforas, dentre outras figuras de linguagem, do ponto de vista formal. Já no que se refere à temática, notam-se traços como a investigação do eu-lírico acerca do processo de criação literária, além de interrogações de cunho existencial.
Desse modo, nosso estudo procura refletir sobre a metapoesia presente na produção literária florbeliana, buscando assinalar as imagens concernentes ao fazer poético na poesia da referida escritora.
Inicialmente, analisaremos a figura do poeta na obra de Florbela e, em seguida, procederemos à análise do próprio fazer poético que, nos poemas florbelianos, se apresenta através de uma incessante busca da plenitude da criação artística. Em Poetas, poema integrante do livro Trocando olhares, o eu-lírico reflete acerca da incompreensão sofrida por aqueles que dão título ao texto:
Ai as almas dos poetas
Não as entende ninguém;
São almas de violetas
Que são poetas também.
Andam perdidas na vida,
Como as estrelas no ar;
Sentem o vento gemer
Ouvem as rosas chorar!
Só quem embala no peito
Dores amargas e secretas
É que em noites de luar
Pode entender os poetas.
E eu que arrasto amarguras
Que nunca arrastou ninguém
Tenho alma pra sentir
A dos poetas também! (Espanca, 2002: 23)
Logo nos primeiros versos, a imagem da incompreensão sofrida pelos poetas é notada. Quando o eu-lírico diz: Ai as almas dos poetas / Não as entende ninguém, a aproximação de violetas – símbolo de luto ou de semiluto nas sociedades ocidentais – com os poetas é percebida, evidenciando, assim, a profunda melancolia vivida por eles devido a esse não-entendimento.
Nota-se na segunda estrofe que as almas dos poetas andam perdidas na vida, porém são como as estrelas no ar, que iluminam com sua luz própria as trevas do mundo terreno e material. A sensibilidade das almas poéticas é evidenciada em seguida, quando são sentidos e ouvidos o gemer dos ventos e o chorar das rosas, respectivamente:
Andam perdidas na vida,
Como as estrelas no ar;
Sentem o vento gemer
Ouvem as rosas chorar! (Espanca, 2002: 23)
A sensibilidade das almas poéticas é confirmada nas duas últimas estrofes, nas quais o eu-lírico afirma que somente aqueles que trazem no peito dores amargas e secretas podem entender os poetas. O eu-lírico coloca-se como capaz de tal, uma vez que traz consigo as piores amarguras:
Só quem embala no peito
Dores amargas e secretas
É que em noites de luar
Pode entender os poetas.
E eu que arrasto amarguras
Que nunca arrastou ninguém
Tenho alma pra sentir
A dos poetas também! (Espanca, 2002: 23)
FONTE AQUI
BIOGRAFIA::-
Batizada Flor Bela Lobo, Florbela Espanca foi uma das primeiras feministas de Portugal e escreveu uma poesia carregada de erotismo e feminilidade, que alguns críticos encaram como um dom-juanismo no feminino. O sofrimento, a solidão, o desencanto, aliados a imensa ternura e a um desejo de felicidade são a temática presente em muitas das suas imagens e poemas.
Parte de sua inspiração veio de sua vida tumultuada, inquieta, e sofrimentos íntimos provocados pela rejeição paterna. Seu primeiro poema foi escrito em 1903: "A Vida e a Morte".
Filha de Antonia da Conceição Lobo, empregada de João Maria Espanca, que não a reconheceu em vida como filha. João admitiu a paternidade apenas 19 anos após a morte da poeta, quando foi inaugurado um busto dela, em Évora. E isso depois da insistência de fãs da obra de Florbela.
Com a morte de Antonia, de uma doença desconhecida, em 1908, João e sua mulher Mariana Espanca criaram a menina e seu irmão, Apeles Espanca, nascido em 1897 e registrado da mesma maneira.
Casou-se no dia de seu aniversário, em 1913, com Alberto Moutinho. Concluiu um curso de Letras em 1917 e foi a primeira mulher a cursar Direito na Universidade de Lisboa. Na capital portuguesa conheceu outros poetas e participou de um grupo de mulheres escritoras. Colaborou em jornais e revistas, como o "Portugal Feminino". Em 1919, no terceiro ano de Direito, lançou o Livro de Mágoas. Nessa época, Florbela começou a apresentar sintomas de desequilíbrio mental e sofreu um aborto involuntário.
Em 1921, divorciou-se de Alberto Moutinho, de quem vivia separada havia alguns anos, para casar-se com o oficial de artilharia António Guimarães. Nesse mesmo ano, seu pai se divorciou para esposar Henriqueta Almeida.
Em 1923, ela publicou o "Livro de Sóror Saudade". Florbela sofreu novo aborto, e seu marido pediu o divórcio. Em 1925, a poeta casou-se com o médico Mário Laje, em Matosinhos. A morte do irmão Apeles, num acidente de avião, lhe inspirou o poema "As Máscaras do Destino".
Tentou se matar duas vezes, em outubro e novembro de 1930, às vésperas da publicação de sua obra-prima. Após o diagnóstico de um edema pulmonar, suicidou-se no dia do seu aniversário. "Charneca em Flor" foi publicada em janeiro de 1931.
Outras obras póstumas foram: "Cartas de Florbela Espanca", por Guido Battelli (1930), "Juvenília" (1930), "As Marcas do Destino" (1931, contos), "Cartas de Florbela Espanca", por Azinhal Botelho e José Emídio Amaro (1949), "Diário do Último Ano Seguido De Um Poema Sem Título", com prefácio de Natália Correia (1981), e "Dominó Preto ou Dominó Negro" (1982, contos).
Fonte aqui
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BOA TARDE A TODOS(AS)
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2 comentários:
Este poema é também um dos meus preferidos. Não é nem preciso dizer por quê, né?
Um beijão e parabéns pela participação!
Sensata Paranóia
Parabéns pela escolha do poema, minha querida. Além de ter habilidades na cozinha, tem uma grande sensibilidade para poesia.
Beijos.
Marli
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