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quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Como se comia na Grécia ou na Roma Clássica?

Louça Wedgwood


Um jantar da antiguidade, em texto de Eça de Queiroz.

Como se comia na Grécia ou na Roma clássicas?

Mestre Eça de Queiroz pesquisou e descobriu como era um jantar greco-latino na antiguidade. Eis as suas receitas:

"Pois eu sei como se cozinhava este jantar em Atenas ou Roma, aí pelos tempos de Augusto e ainda mesmo sob os Antoninos. O peixe, por exemplo pode ser uma tainha. E aqui está como ela se prepara, ó estudiosos. Tomai essa tainha. Escamai e esvaziai. Preparai uma massa bem batida, com queijo (que hoje pode ser parmesão), azeite, gema de ovo, salsa e ervas fragrantes, e recheai com ela a vossa tainha. Untai-a então de azeite e salpicai-a de sal. Em seguida assai-a num lume forte. Logo depois de bem assada e alourada, umedecei-a com vinagre superfino. Servi e louvai Netuno, deus dos peixes.

O outro prato, pois que se trata de um festim ligeiro, pode ser um queque ou pudim feito pela receita do ilustre mestre Crisipo. Tomai duas ou três alfaces, bem repolhudas. Lavai e enxugai. Deitai vinho dentro de um largo almofariz, e pisai, mortificai nele as folhas de alface. Passai por um ralo para que todo o líquido se escoe; e à alface assim machucada no vinho, juntai farinha de trigo, uma pouca de manteiga e pimenta. Pisai de novo, até obterdes uma massa firme. Dai a esta massa a forma de um bolo chato e redondo. Colocai-o na frigideira com azeite, e frigi em um lume vivo. Toda a antiguidade considerou este bolo uma delicia, e chamava-se catillus ornatus. Não sei se gostareis. Era um prato dileto de Pompeu.

Poderemos depois findar, se quiserdes, pela famosa empada de rosas. Era um acepipe muito usado em todas as festas do culto de Vênus. Para o realizar, descei ao jardim, colhei as rosas mais largas e as mais cheirosas. Pisai-as no almofariz. Ajuntai miolos de galinha, de pombo e de perdiz, muito bem cozidos, e depois de os terdes desembaraçado das mais pequeninas fibras. Acrescentai ainda duas gemas de ovos, um fio de azeite puro, pimenta, e vinho velho, de Malvasia. Depois de ter bem mexido tudo, até conseguir uma massa leve e fina, deitai numa caçarola nova de barro, e colocai sobre um fogo lento e contínuo. Logo que a superf¡cie se aloure, servi. Por toda a sala se espalhará um aroma de rosa - e a vossa alma bendirá Ap¡cio Celio, criador desta maravilha.

E já que tivemos rosas em empada, porque não beber¡amos o famoso vinho rosado? As receitas para o fazer diferem - mas a mais simples e rápida é a de Pausanias. Desfolhai um ramo de rosas, guardai-as durante um dia, e deitai-as dentro de dois ou três litros de vinho velho (de Bordéus, hoje). Ao fim de três ou quatro semanas, juntai um arretel de mel. E se pensais que o gosto e o saber de Heliogabalo podem ser seguidos com confiança, acrescentai ao vinho, horas antes de o beberdes, um punhado de pinhões esmagados, como fazia esse esplêndido e imperial estróina.

A¡ está, pois, um muito fácil e acessível


. Para o saborearem, condignamente, e com proveito cr¡tico, os convivas deverão estar reclinados num triclínio, e coroados de flores".

(Eça de Queiroz, Notas Contemporâneas, 1893)

fonte aqui


Curiosidades da vovó Rô::..


A história do Pão na Grécia Antiga

Os gregos viam na alimentação o meio mais eficaz de combater as doenças, opondo-se aos desequilíbrios do organismo. Hipócrates, médico, que viveu no fim do século V a.C., dedicou-se às questões da dietética, escrevendo um conjunto de tratados sobre a matéria. Um verdadeiro receituário, com uma listagem minuciosa dos alimentos consumidos na Grécia Clássica.

No início do milénio anterior ao do calendário civil actualmente em uso, já estavam descobertas e inventadas todas as condições para o progressivo aperfeiçoamento do pão: já se conhecia a técnica da moenda, ainda que básica, para produzir farinha; já se conhecia a peneira para separar as cascas e outros resíduos dos cereais e para a obtenção de diferentes tipos de farinhas; também o forno estava bem aperfeiçoado e, finalmente, já estava desenvolvida a ideia de condimentar o pão com uma vasta gama de ervas aromáticas, frutas e azeite.

Eram utilizados condimentos como; sementes de papoula, erva-doce, aniz, uva-passa, alecrim, alcaparras, folha de couve, alho, cebola, cominho e muitos outros temperos.

Os egípcios ensinaram aos gregos a arte de fazer pão, mas foi com estes, que o pão passou a desempenhar um papel de relevância na história da gastronomia.

Os gregos eram considerados mestres no fabrico do pão, cuja origem atribuíam aos deuses. Já em Roma, durante todo o império romano, os padeiros geralmente eram gregos. Sabe-se também, que os gregos da época clássica já contavam com 72 variedades de pão.

A democracia grega estendia-se à posse da terra, que pertencia ao cidadão. Era trabalhada em pequenas parcelas, devido à geografia irregular do país. Era desta terra que os gregos tiravam o seu principal sustento alimentar.


Hipócrates


fig. 2 - Hipócrates

Hipócrates, salientava no "Regime", a cevada como alimento básico para os gregos. Esta cevada não era consumida sob a forma de pão, mas sim como "maza", feita com cevada pré-cozida, reduzida a farinha de sêmola. Adicionava-se-lhe um líquido, água, azeite, mel ou leite e condimentos, amassando-se tudo cuidadosamente. A "maza", estava assim pronta a ser consumida de imediato, ou em conserva. Com a farinha de sêmola e hortelã-pimenta, confeccionava-se o "cyceon", bebida rústica de carácter sagrado.

No campo, a cevada era também consumida em grãos descascados e cozidos sendo, posteriormente secos. Os romanos apelidavam os gregos de "comedores de cevada".

Apesar das muitas possibilidades de utilizão da cevada, a dieta grega era relativamente diversificada. Trigo, milho painço, grão-de-bico, favas, lentilhas, eram consumidas regularmente pelos gregos na antiguidade.

Os gregos, fixavam-se nos chamados "habitats". Não possuíam grande opulência, mas correspondiam às necessidades da população rural. A sua arquitectura era bastante simples, com as habitações, algumas capoeiras e poucas ferramentas para os trabalhos agrícolas.

As refeições em comunidade eram extremamente valorizadas, os gregos desdenhavam os povos que nunca, ou apenas ocasionalmente o faziam. Para eles o banquete surgia como uma expressão artística, e viam nesta manifestação à mesa a negação da barbárie.

Cena de um banquete

fig. 3 - Cena de um banquete

Nas cidades, os banquetes gregos faziam-se em duas fases: primeiro comia-se, depois bebia-se. Os gregos reclinavam-se em divãs diante dos quais se colocavam as mesas; o corpo repousava sobre mantas o cotovelo era suportado por uma almofada. O serviço era assegurado pelos escravos da casa. Contudo, os festins não se resumiam a este espaço. Eram frequentes nos ginásios e praças públicas congregando, por vezes, toda a comunidade. No campo a vida era muito mais simples, por vezes com privações.

Os cozinheiros gregos eram homens livres, orgulhosamente, referiam-se a Cadmus, fundador de Tebas e inventor da escrita, como seu antepassado. Quando da dominação romana houve mesmo algumas escolas de cozinha em Atenas, onde se organizavam concursos. A profissão de cozinheiro era lucrativa e honrada.

Deve-se à Grécia antiga a origem da instituição das padarias como estabelecimentos comerciais públicos, e foram eles que o ensinaram aos romanos.

Tal como no Egipto, também os gregos honravam os deuses e os mortos com flores em massa de pão.

fonte aqui


Bom e maravilhoso dia pra você!

Rosane!


Um comentário:

Joana disse...

Oi Rô, eu também não sabia o que era um Furoshiki mas agora com tuas explicações sei só tudo. Adoro as informações do teu blog. Gostei também da receita da tainha. Deve ficar uma delícia.
Amiga, eu não tenho o risco da rosa porque eu faço a mão livre direto no pano. Sugiro que você imprima a pintura para fazer o risco. Beijos
Joana